E era dia do operário de construção. Dia do
fotógrafo, do padeiro, do dentista, do professor. Coisa fantástica é ser todas
essas profissões, homens máquinas que produzem em série cuidado, objetos ou
conhecimento. E achei normal um dia para representá-los. Mas, o dia de hoje é
mais do que ser de profissão, ou está longe das ciências exatas, é para quem
possui uma ciência comum: ser mãe.
Mas, mãe?! É tão natural sê-lo! Sê-lo uma ou
muitas vezes. Biológica ou de criação. E é necessário um dia especial para
comemorar, divertir, presentear as doces ou amargas senhoras que repetem a
eterna circunferência da vida e fazem com que o mundo continue a girar?! Que
aprendem de maneira mística, divina talvez, a fórmula certa para perpetuar o
amor?!
Mãe, nome cuja nasal o torna musical. De uma
musicalidade suave. E faz indagar: como compreendem sentimentos turbulentos?
Como lidam com as ausências? Como sabem ser tristes, mesmo quando felizes? E
como sabem amar, mesmo quando odeiam?
Como são protetoras... Como cadelas e gatas
que defendem suas crias com garras e dentes. Na natureza pura, esse amor não é
menor. Mas, é amor ou instinto? E seria o amor instintivo?
Como sabem libertar e encontrar a beleza
onde quer que seja.
Mas, Mãe?! É tão simples sê-lo.
Sim. É um simples e complexo selo. Um
símbolo de amor profundo.
E só faz notar como as coisas mais sonhadas
e lindas são as mais triviais. Mãe, todo mundo tem uma, ainda que invisível,
imaginável, distante ou desconhecida... Mãe é o critério básico para existir a
vida na maioria das espécies. Na nossa espécie é assim. Por isso reservar
dentro de 365 dias um só para prestigiá-la.
E há que se pensar em virgem mãe, em terra
mãe ou outras formas de maternidade cuja arte fundamental consiste em nos dar a
vida.
Dar-nos a vida! De que maneira inconsciente,
despretensiosa e instigante ela possui essa magia de dar a vida? E não seria
Deus esse progenitor. Mas, se a vida é fruto de um ventre feminino e todas as analogias
feitas à vida a isso se referem, então, Deus seria uma bela senhora de olhos
doces e varinha de goiabeira na mão?