A VISITA

A VISITA
Foto: Núbia Rodrigues

sábado, 20 de novembro de 2010

POEMA - EU E MEU PAÍS

Um parangolé da paz dança no vento
Eu e meu país nos descobrimos iguais

Enquanto tento seguir os rastros da multidão

Me vejo perdido

Eu perdido como meu país

Estendo os braços para um céu sem nuvens

O céu do meu país

Que quando mal tinha o que oferecer furtava de outros

Eu que não furto tenho as mãos vazias estendidas ao ar.



Um parangolé da paz baila no vento

Com suas cores encanta

Como um hino de louvor

Mas quem o vê?

Não eu que tenho olhos fixos

Sempre em direção contrária a que vou seguindo se dar por conta


Eu e meu país nos encontramos num intervalo

Ele cuja história se deturpou e se perdeu

Eu, cujo espelho não reflete senão rugas e imperfeições

Nos encaramos sem pudor

E contemplo minha miséria no seu sorriso sem dentes

E contemplo minha dor no seu olhar de festa

Minha fome registrada em suas

Matas densas

Seus números me decodificam

Suas verdades me sugerem

Suas razões me condenam

E sou o meu país em carne e osso

E em osso e carne meu país se derrama como um rio

Nossas cores se misturam e se dividem

Nossas vozes se confundem e se completam

Uma multidão caminha e é só um

Um parangolé da paz se esvai no vento.